terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Quem machuca as vezes nem percebe, se percebe tem mais medo que eu.

       Procuramos dentro de nós ou no grande vazio do mundo, fugas e distrações quando algo em nós não vai bem. É daí que muitas vezes conhecemos os vícios, cigarro, álcool, drogas, orgias... E nada, nunca, é suficiente.
        A angustia que ocupa espaço no peito é inerente a nossos repertórios traumáticos, só não à notamos por que usamos de esquivas. Não é só pela morte que temos que sofrer. É pela vida.  Pelas perdas. Pelas mudanças.
         E quando imaginamos por que algumas vezes é tão ruim, porque dói tanto, temos que nos lembrar que tudo pode mudar instantaneamente, pois somos seres compostos de sentimentos,  de toque, compostos de essências imutáveis, de detalhes raros de única face; e não nos permitir a nós e aos que nos querem bem é uma injúria a nossa essência.
         A cada queda, uma nova cicatriz, uma nova marca, e obviamente um novo alerta para não se machucar novamente pelo mesmo motivo, mas isso não significa se bloquear a uma nova emoção, uma nova vivência, uma nova expectativa.
        É assim que se permanece vivo. Quando dói tanto que não se pode respirar, é assim que você sobrevive. Ainda que com sofrimento, em uma segunda “chance a si mesmo”,  de alguma forma impossivelmente, não se sentirá assim. Não vai doer tanto.
         O luto vem em seu próprio tempo para todos. À sua própria maneira. O melhor que podemos fazer, o melhor que qualquer um pode fazer... é tentar ser honesto.
        A parte ruim, a pior parte do luto, é que não se pode controlá-lo. O melhor que podemos fazer é tentar nos permitir senti-lo, quando ele vem. E deixar para lá quando podemos. A pior parte é que no momento que você acha que o superou, começa tudo de novo. E sempre, toda vez... ele tira o seu fôlego.
          Há cinco estágios de luto. São diferentes em todos nós, mas sempre há cinco. Negação. Raiva. Barganha. Depressão. Aceitação. Mas antes, durante e depois do luto, existe a vida. Levante-se, limpe-se, e permita-se para que eu também possa me permitir.



"... É quase impossível evitar o excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo." ( Clarice Lispector - Das vantagens de ser Bobo. )

7 comentários:

  1. Excelente texto. Repare só, depois de toda tempestade, se abre um lindo sol.

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  2. Adorei o texto!!!!!!!

    Essa parte,então...

    "A pior parte é que no momento que você acha que o superou, começa tudo de novo. E sempre, toda vez... ele tira o seu fôlego."

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  3. É! Sol é o que bem tem feito aki em nossa região não é mesmo!? ;P

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  4. Me apaixonei por esse blog desde o primeiro post...
    Você escreve com a alma, com palavras doces e envolventes... e nisso tudo, voce tambm apresenta a solução, que quero frizar para voce, "Mas antes, durante e depois do luto, existe a vida." Pense apenas isso...

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  5. "A cada queda, uma nova cicatriz, uma nova marca, e obviamente um novo alerta para não se machucar novamente pelo mesmo motivo, mas isso não significa se bloquear a uma nova emoção, uma nova vivência, uma nova expectativa.
    É assim que se permanece vivo."
    Como você disse Boba Loh, todos nós temos o nosso próprio tempo e não adianta querer fingir que nada está acontecendo. Chega uma hora que dá vontade de explodir. Mas por que isso tudo? Sempre devemos passar por certas situações para entender outras?
    E mais embaixo você diz: "A pior parte é que no momento que você acha que o superou, começa tudo de novo. E sempre, toda vez... ele tira o seu fôlego."
    Pode ser a pior parte, mas é a mais importante. Porque é ai que eu vejo o quanto fui forte e o quanto fui capaz de lhe dar com toda essa turbulência. E será que vou estar preparado para as outras? Boa pergunta. Não sei o que seria da minha vida se não existisse esses pequenos GRANDES detalhes.

    Um beijo de coração!

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  6. Então Filhote... Você é um pequeno GIGANTE detalhe na minha vida!

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Antes o silencio que a escassez de conteúdo.