sexta-feira, 6 de maio de 2011

Despedida

Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão
deixo o mar bravo e o céu tranqüilo: quero solidão.

Meu caminho é sem marcos nem paisagens. 
E como o conheces ? - me perguntarão. -
Por não Ter palavras, por não ter imagem.
Nenhum inimigo e nenhum irmão. 


Que procuras ? Tudo. Que desejas ? Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada. 


Levo o meu rumo na minha mão.
A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação ...
Talvez eu morra antes do horizonte. 


Memória, amor e o resto onde estarão?
Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão ! 

Estandarte triste de uma estranha guerra ... )
Quero solidão. 



                                                                                     Cecília Meireles

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